quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Para especial para anúncio que merece espaço:
Está acontecendo e vai até o dia 30 o 3º Curta Grav – Mostra de Animação. O evento promete fomentar o debate acerca da produção de animação, além de incentivar análises de filmes quanto na discussão sobre políticas audiovisuais e contextos de produção, difusão e consumo.

Segue link do blog do grupo GRAV para mais informações. http://grupograv.wordpress.com/

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

À Prova de Morte

O projeto Grindhouse nasceu a partir de um dos improváveis desejos de Quentin Tarantino, que queria homenagear mais um dos gêneros cinematográficos que o influenciaram. Como o cineasta já havia homenageado as novelas policiais em Cães de Aluguel e Pulp Fiction, o cinema negro dos anos 70 em Jackie Brown e o kung fu spaghetti em Kill Bill 1 e 2, resolveu que era hora de prestar seu tributo ao cinema de terror B. Para dar força ao projeto, o diretor convidou seu amigo Robert Rodrigues para ajudá-lo a produzir o filme.

Tarantino cresceu freqüentando sessões de filmes-B, onde dois ou mais filmes de terror toscos eram exibidos em seqüência, intercalados por trailers igualmente mal feitos. Nessas sessões, que ganhavam o nome de Grindhouse, a qualidade da projeção normalmente era lamentável e não era incomum os filmes virem incompletos, com rolos faltando ou até mesmo queimando no projetor.

A idéia inicial para Grindhouse (o filme) era produzir dois médias-metragens – um dirigido por Rodriguez (Planeta Terror) e outro por Tarantino (À Prova de Morte) – de cerca de 50 minutos cada, convidar outros amigos (Eli Roth, Rob Zombie, Edgar Wright) para “dirigir” alguns trailers falsos, e pronto. Teríamos reprodução de uma daquelas sessões.

O problema é que tanto Planeta Terror quanto À Prova de Morte ficaram com cerca de 80 minutos de projeção, fazendo com que a duração final do filme fosse superior a três horas. Nem as críticas favoráveis ajudaram Grindhouse. O filme foi mal nas bilheterias americanas e os estúdios e distribuidoras internacionais acharam melhor dividi-lo em dois longas para ter renda em dobro. Não só isso. No Brasil, os filmes foram separados por um intervalo superior a um ano. Prometido para março de 2008, À Prova de Morte só chega aos cinemas nacionais em outubro deste ano.

Com a duração liberada, o diretor teve liberdade para brincar à vontade. Enquanto Robert Rodriguez se preocupou em deixar seu filme esteticamente parecido com os filmes-B setentistas, Tarantino notadamente se divertiu fazendo À Prova de Morte. O filme começa com estética semelhante à de Planeta Terror, com brincadeiras de frames faltando, erros de continuidade, etc. Mas isso dura pouco mais de meia hora. No restante dos quase 110 minutos de projeção, o filme se transforma em preto e branco e, depois, como em um passe de mágica, ganha um visual mais atual, com cores vivas e qualidade impecável.

Além do gênero homenageado, Tarantino também recheia o filme de homenagens a todos seus trabalhos anteriores. Personagens recorrentes de Kill Bill (em duas cenas impagáveis), um toque de celular ou citações que apenas os mais aficionados irão se dar conta tornam o filme mais prazeroso de ser visto. É um exercício descobrir todas as referências. Acredite, são muitas.

A premissa é boba: um dublê (Kurt Russel) que utiliza seu carro “à prova de morte” de maneira sádica para matar mulheres nas estradas de pequenas cidades dos EUA. Vale destacar o empenho em se criar o suspense necessário, no começo do filme. Com a falta de história, sobra tempo para o diretor implantar seu estilo. Toda verborragia de seus diálogos, seu fetiche pelos pés femininos, os longos e lentos planos, o erotismo, a importância e a força que ele dá às suas protagonistas, está tudo presente.

As atuações também homenageiam os filmes-B e são toscamente deliciosas. Kurt Russel (um tanto canastrão), Vanessa Ferlito (em uma sequência de dança de tirar o fôlego) e Zoe Bell merecem mais destaque. A última, inclusive, realizou todas suas ações no filme sem dublê, o que é surpreendente. Quem vir o filme, com certeza entenderá.

Diversão garantida para os já iniciados em Tarantino, o filme pode ser um tanto indigesto para quem não dá a mínima para as referências cinematográficas ali presentes. A necessidade de saber “o que é” o projeto, um roteiro simples e o excesso de diálogos longos são os principais motivos que renderão vários comentários negativos em rodas de discussão.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Onde os fracos não têm vez
Novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen foi o grande vencedor do Oscar 2008. Rendeu à dupla os prêmios de Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado. Também rendeu a Javier Bardem o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

O filme se passa em 1980, numa cidade texana próxima à fronteira com o México e é, basicamente, um filme de gato e rato. Explico: o foco no filme é a caçada de Anton Chigurgh (Bardem) a Llwelyn Moss (Josh Brolin), que um belo dia encontrou dezenas de traficantes mexicanos mortos, muita heroína e dois milhões de dólares.

Chigurgh é um matador frio, calculista e extremamente violento. Graças à excelente atuação de Bardem, em sua primeira cena já podemos perceber quem é seu personagem. Brolin – injustamente fora dos indicados ao Oscar - também está muito bem no papel e transforma Llwelyn em um sujeito esperto que tenta estar sempre um passo à frente de seu perseguidor.

O condutor do filme é o xerife vivido por Tommy Lee Jones. Um sujeito cansado de tanta violência e que demonstra isso durante a narração, com sua fala arrastada e seu pesado sotaque texano. O elenco ainda conta com Woody Harrelson em um papel pequeno, mas de extrema importância para o roteiro.

Onde os fracos não têm vez é uma combinação de tudo que os irmãos Coen sempre fizeram de melhor. A violência é crua, os diálogos afiadíssimos, o humor é sempre sarcástico e inteligente, e a linha que separa o real do absurdo é muito tênue. A parte técnica é de um refinamento incrível. Alguns diziam que eles eram bons diretores, mas que jamais fariam outro “Fargo”. Eles não fizeram outro “Fargo”, mas fizeram um filme tão complexo e bom quanto. Desde já o melhor filme do ano.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Rambo IV
Para qualquer um que esteja se aproximando da casa dos 30, citar o nome John Rambo em uma mesa de bar traz um festival de lembranças. Sempre lembro, por exemplo, de ter sido barrado ao tentar ver Rambo III no cinema. Se não fosse pela insistência de meu pai com o gerente do local, teria que ter esperado para conferir a última aventura do brucutu americano em VHS.

Agora, 20 anos depois de ajudar Osama Bin Laden e seus guerreiros a expulsarem os soldados soviéticos do Afeganistão, ele está de volta. Cansado de lutar, ele leva uma vida pacata na Tailândia. Até que um dia um grupo de missionários americanos o procura para que ele possa levá-los até Mianmar (que o filme ainda insiste em chamar de Birmânia) para ajudar o povo daquele país, devastado por uma guerra civil que já dura anos. Rambo reluta, mas depois da insistência da bela Sarah (Julie Benz), aceita a missão. Uma semana depois, um novo missionário o procura. Seus companheiros haviam sido feitos de reféns e ele precisa de ajuda para levar um grupo de mercenários rio acima.

Aí começa um festival de explosões, tiros e mortes, muitas mortes. O roteiro é fraco e os diálogos medonhos, mas o que realmente incomoda é a caracterização dos personagens. O bom e o mau são facilmente identificáveis, e a necessidade de tornar os soldados de Mianmar “seres” repulsivos e merecedores do que acontece com eles é irritante. Com o grupo de mercenários acontece a mesma coisa: à primeira vista já sabemos quem vai ter uma morte dolorosa e quem será o mocinho que ajudará Rambo.

É claro que não deveríamos esperar nada além disso de um filme com a alcunha de Rambo, mas depois do bom retorno de Rocky Balboa ano passado, esperava de Rambo IV algo mais parecido com o primeiro filme da série, que enfocava também o drama psicológico do personagem que havia retornado do Vietnã.

Ainda assim, apesar de todos os defeitos, o filme funciona. Stallone (que também dirige o filme) não demonstra seus 61 anos e parece ter ralado muito para realizar algumas cenas sem auxílio de dublês. A violência é muito estilizada e satisfatória: cabeças explodem e corpos voam a todo o momento, fazendo com que a sede por ação e sangue daqueles que adentrarem as salas de cinema seja imediatamente cessada.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sem tentativas de analises profundas e teóricas.
Só o que um admirador de final de semana quer saber sobre os filmes que passam nas telonas.

Juno
Trazendo o título de “filme independente do ano”, Juno foi conquistando a simpatia de platéias em todos os cantos que passava.

O filme conta a história da jovem Juno, uma menina de 16 anos que engravida de seu melhor amigo após a primeira experiência sexual dos dois. Após uma breve visita a uma clínica de aborto, Juno decide dar seu filho para a adoção e o casal “perfeito” não demora a aparecer.

Dirigido por Jason Reitman, do bom Obrigado por Fumar, o filme tem no simples e brilhante roteiro seu grande trunfo. Vencedora do Oscar de Melhor Roteiro Original, a ex-stripper Diablo Cody confere ritmo acelerado aos diálogos. Os personagens, ao mesmo tempo em que parecem estranhos, poderiam ser aquele seu vizinho um pouco diferente.

A indicada ao Oscar Ellen Page mostra que é realmente uma grande atriz e nos brinda com mais uma grande atuação. Sua Juno é precoce em um instante, e no outro volta a agir como uma adolescente boba. Michael Cera, que faz o amigo e pai do filho de Juno, parece ter se especializado no papel de jovem excêntrico. Destaque fica também para a trilha sonora simpática.

Resumindo, Juno tem tudo para agradar a todos e não deve causar reações extremas em ninguém. O filme é “bonitinho”, pra cima, e consegue divertir e comover na medida certa.